A carta não escrita

A carta não escrita

    Hoje o mundo está em festa. As pessoas comemoram a vacina contra a Covid – 19. Pessoas se enfileiraram nos postos de vacinação com satisfação e sem pressa. Não é preciso mais usar máscaras, álcool em gel, e já podemos abraçar e beijar nossas queridas pessoas com escancarado carinho. Ninguém mais precisa do auxílio emergencial porque todos puderam voltar ao trabalho. A propósito, pai, voltei a dar aulas, a conviver com meus amados alunos que agora estudam com dedicação e brincam com uma alegria sem fim na hora do recreio. Minha coluna sarou, pai; pois não preciso mais ficar só sentada dando aulas pela internet.  As pessoas voltaram a passear nas praças, a fazer compras no mercado sem enfrentar filas. Podem fazer suas consultas de rotina sem medo. A vida voltou ao normal. O senhor agora poderá viver sem medo. Fugir da mãe para passear de carro e comprar a comida dos passarinhos. Ah, vou fazer uma costela de porco bem gorda pra gente jantar. Seus netos virão. Os filhos também.  Alguns amigos mais chegados. Confraternizaremos com alegria o reinício dessa nova vida, sem o desprezível coronavírus.

 

    Como eu gostaria de estar, de fato, escrevendo essa mensagem pra você, pai. O senhor quis tanto ver esse dia chegar... Mas, esse dia não veio ainda e o senhor foi embora, querendo tanto ter ouvido tudo isso...

 

    Com sua lucidez e equilíbrio, você conseguiu fazer com que o corona não o encontrasse... Mas um avc achou você, pai, e o tirou da gente...

 

    A vacina não chegou para o mundo ficar diferente. Mas o nosso mundo e o mundo da mãe está todo mudado. Com uma tristeza e uma saudade enorme morando em nossos dias. E para esse mal, não haverá vacina que cure. Estamos trancados em nós mesmos. E o mundo lá fora, nunca mais será o mesmo.

 

 

 

Carta não escrita.

Deuseli Campos Alves.

Minha irmã.

 

 

Pai! ...

Eu nunca poderia imaginei o tamanho do vazio que sua partida nos deixaria, o senhor está fazendo falta, mas fica em paz, pois sei que Deus está contigo.

Forte Saudades.

Leandro Campos Alves

30 de outubro de 2020.

 

                                                    Obs: Esse texto não é de minha autoria, e sim, de autoria de minha irmã " Deuseli Campos Alves", em desabafo de saudades ao nosso pai.  Eu estou publicando nesse espaço, por ficar facil localizar e sentir a presença de suas saudade. 

 

Crônicas e Contos de Leandro Campos Alves.

Envelhecer.

Valores mudam, sentimentos mudam, a vida muda, e o ser humano evolui. Nascemos enxergando o futuro, e apreendemos que o futuro foi passado. Amamos as pessoas como se fossem únicas e eternas, e descobrimos que na maioria das vezes, estas pessoas que tanto amamos ao ponto de idolatria, friamente...

“Minha Minas Gerais”

  Mineiro é coisa chique, que vem apurando de fora para dentro, com um jeitinho tímido, logo revela sua simplicidade e acolhimento.    No sotaque digo e ainda atrevo em afirmar, que mineiro é culto de nascença, seu sotaque e jeitos, ditos um pouco preguiçosos porque engole as...

A carta não escrita

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fotógrafo aldino cavalcante em 20 de outubro de 2012.       Hoje a roça está triste, não vejo mais a alegria em seu entardecer.     O cabo da enxada perdeu espaço para a capina química, a junta de boi para o arado mecânico, e a ordenha então?  Nem tem...

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