Joaquim Maria Machado de Assis nasceu pobre e epilético. Era filho de Francisco José Machado de Assis e de Leopoldina Machado de Assis, neto de escravos alforriados. Foi criado no morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Ajudava a família como podia, não tendo freqüentado regularmente a escola. Sua instrução veio por conta própria, devido ao interesse que tinha em todos os tipos de leitura. Graças a seu talento e a uma enorme força de vontade, superou todas essas dificuldades e tornou-se em um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.
Entre os seis e os 14 anos, Machado perdeu sua única irmã, a mãe e o pai. Aos 16 anos empregou-se como aprendiz numa tipografia e publicou os primeiros versos no jornal "A Marmota". Em 1860, foi convidado por Quintino Bocaiúva para colaborar no "Diário do Rio de Janeiro". Datam dessa década quase todas as suas comédias teatrais e o livro de poemas "Crisálidas".
Em 12 de novembro de 1869 casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Esse casamento ocorreu contra a vontade da família da moça, uma vez que Machado tinha mais problemas do que fama. Essa união durou cerca de 35 anos e casal não teve filhos. Carolina contribuiu para o amadurecimento intelectual de Machado, revelando-lhe os clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa.
Na década de 1870, Machado publicou os poemas "Falenas" e "Americanas"; além dos "Contos Fluminenses" e "Histórias da meia-noite". O público e a crítica consagraram seus méritos de escritor. Publicou os romances: "Ressurreição" (1872); "A Mão e a Luva" (1874); "Helena" (1876); "Iaiá Garcia" (1878). Essas obras ainda estão ligadas à literatura romântica e formam a chamada primeira fase de Machado de Assis.
Em 1873, o escritor foi nomeado primeiro oficial da secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras públicas. A sua carreira burocrática teve uma ascensão muito rápida, uma vez que, em 1892, já era diretor geral do Ministério da Viação. O emprego público garantiu a estabilidade financeira, uma vez que viver de literatura naquela época era quase impossível, mesmo para os bons escritores.
Na década de 1880, a obra de Machado de Assis sofreu uma verdadeira revolução, em termos de estilo e de conteúdo, inaugurando o Realismo na literatura brasileira. Os romances "Memórias póstumas de Brás Cubas" (1881); "Quincas Borba" (1891); "Dom Casmurro" (1899) e os contos "Papéis avulsos" (1882); "Histórias sem data" (1884), "Várias histórias" (1896) e "Páginas recolhidas" (1899), entre outros, revelam o autor em sua plenitude. O espírito crítico, a grande ironia, o pessimismo e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira são as suas marcas mais características.
Em 1897, Machado fundou a Academia Brasileira de Letras, da qual foi o primeiro presidente, pelo que a instituição também conhecida como casa de Machado de Assis. Ocupou a Cadeira N.º 23, de cujo patrono, José de Alencar, foi amigo e admirador.
Em 1904, a morte de sua mulher foi um duro golpe para o escritor. Depois disso, raramente ele saía de casa e sua saúde foi piorando por causa da epilepsia. Os problemas nervosos e uma gagueira contribuíram ainda mais para o seu isolamento. São dessa época seus últimos romances "Esaú e Jacó" (1904) e "Memorial de Aires" (1908), que fecham o ciclo realista iniciado com "Brás Cubas".
Machado de Assis morreu em sua casa situada na rua Cosme Velho. Foi decretado luto oficial no Rio de Janeiro e seu enterro, acompanhado por uma multidão, atesta a fama alcançada pelo autor.
O fato de ter escrito em português, uma língua de poucos leitores, tornou difícil o reconhecimento internacional do autor. A partir do final do século 20, porém, suas obras têm sido traduzidas para o inglês, o francês, o espanhol e o alemão, despertando interesse mundial. De fato, trata-se de um dos grandes nomes do Realismo, que pode se colocar lado a lado ao francês Flaubert ou ao russo Dostoievski, apenas para citar dois dos maiores autores do mesmo período na literatura universal.
25 curiosidades sobre Machado de Assis que você jamais imaginaria...
Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Mais do que leitura obrigatória nas disciplinas de literatura em todo o território nacional, Machado de Assis foi talentosíssimo retratador da sociedade de sua época, sendo incrivelmente atual até os dias de hoje.
Para conhecer melhor o autor de Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas e muitas outras obras já eternizadas, confira abaixo 25 curiosidades sobre este grande nome da literatura brasileira:
1 - NASCIMENTO
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. O futuro escritor foi batizado na mesma igreja onde seus pais casaram.
2-Pais
O pai de Machado de Assis era um descendente de escravos que trabalhava como pintor de paredes. A mãe, portuguesa de Açores, faleceu quando Machado tinha 10 anos. Sua única irmã morreu vítima de sarampo com sete anos de idade.
3 - Educação
Segundo os seus biógrafos, Machado nunca teve educação formal. Para ajudar a família, chegou a trabalhar como engraxate e vendedor de balas e doces.
4 -Línguas
O escritor era fluente em francês, língua que aprendeu com um padeiro. O alemão e o inglês Machado aprendeu estudando sozinho.
5- Caligrafia
A caligrafia do escritor era tão ruim que, às vezes, até ele tinha dificuldade de entender o que escrevia.
6- Saúde
Machado de Assis tinha epilepsia. Além disso, o autor de Iáiá Garcia e Dom Casmurro, entre outras obras, era gago.
7- Trabalho
Aos 17 anos, Machado passou a trabalhar na Tipografia Nacional onde, ao ser flagrado lendo escondido, quase foi demitido.
8- O primeiro poema
O primeiro poema de Machado de Assis chama-se Ela, e foi publicado em 1 855 na revista Marmota Fluminense. Na época, Machado contava apenas 15 anos.
9- O primeiro conto
O primeiro conto publicado em uma revista saiu em 1858, quando o escritor tinha 19 anos. O conto se chamava Três Tesouros Perdidos e também foi publicado na revista literária Marmota Fluminense.
10- O primeiro livro
O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi Crisálidas, de poemas. Na época, Machado contava 35 anos de idade. O primeiro livro de contos – cujo título era Contos Fluminenses -, saiu no ano seguinte.
11- Casamento
Carolina Machado, a esposa do escritor, era quatro anos mais velha que ele. O casamento só terminou depois de 35 anos, com a morte de Carolina. Dizem que era ela quem revisava os textos do escritor.
12- Memórias Póstumas de Brás Cubas
Como era comum na época, Memórias Póstumas de Brás Cubas foi publicado em folhetins e só mais tarde lançado em livro.
13- Pseudônimos
Machado de Assis utilizou 21 pseudônimos ao longo da carreira. Na revista A Semana Ilustrada, usava o pseudônimo de Dr. Semana.
14- Romantismo e Realismo
A obra de Machado de Assis tendia, no início para o Romantismo (como no caso de Helena). Mais tarde, ele abraçou o Realismo (como em Dom Casmurro).
15- Romances
Os principais romances de Machado de Assis são: Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Helena, Quincas Borba, Esaú e Jacó, Memorial de Aires, Iaiá Garcia e A Mão e a Luva.
16- Xadrez
O jogo predileto de Machado de Assis era o xadrez. Ele participou do primeiro campeonato de xadrez disputado no Brasil. As peças usadas pelo escritor estão até hoje em exposição na ABL – Academia Brasileira de Letras.
17- Academia Brasileira de Letras
A Academia Brasileira de Letras teve Machado de Assis como um de seus fundadores. Ao invés de ocupar a cadeira número 1, ele ficou com a 23. O patrono da cadeira número 1 foi o escritor cearense José de Alencar.
18- Amizades
Machado era amigo de Mário de Alencar, filho do escritor cearense José de Alencar.
19- Jornais e revistas
Machado escreveu em diversos jornais e revistas da sua época, entre os quais A Semana Ilustrada, Diário do Rio de Janeiro, Jornal das Famílias, Revista da Semana, Correio Mercantil e O Espelho.
20- Dramaturgia
Apesar de ser conhecido apenas como romancista e cronista, Machado era poeta e dramaturgo, chegando a escrever nove peças de teatro entre 1860 e 1906.
21- Obra
No total, ele escreveu sete livros de contos, cinco de poesia, nove de teatro e nove romances.
22- Nova Friburgo
Em 1878, o escritor foi obrigado a passar uma temporada na cidade de Nova Friburgo para se tratar de uma infecção nos olhos.
23- Últimas palavras
Segundo alguns biógrafos, as últimas palavras de Machado de Assis antes de morrer foram: “A vida é boa”.
24- Cerimônia fúnebre
O discurso da cerimônia fúnebre de Machado de Assis foi feito por Rui Barbosa.
25- Morte
Machado foi sepultado no cemitério São João Batista em 1908, mas seus restos mortais foram transferidos para a sede da Academia Brasileira de Letras em 1999.
Fontes:
Curiosidades:
Design do escritor
Biografia:
Só História