Literatos Volume Três.
20 anos Jubileu de Porcelana.
VII Prêmio Literário Gonzaga de Carvalho.
Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Menção Honrosa - 2022
O Parente.
Em um dia de sol, resolvi fazer uma viagem sem compromisso, sem tempo de parada, sem destino, apenas uma viagem sem planejar o meu destino.
Com esse objetivo, chamei um amigo em cima da hora para conduzir meu veículo e ir comigo nessa viagem; esse amigo sempre foi uma pessoa extrovertida, e digo de passagem, muito curiosa. Assim que começamos a viagem em uma amanhecer de sol, com uma brisa agradável, logo começamos contar causos da vida, e, fofocar a vida dos outros, não fofocas perigosas, mas aquelas engraçadas, aquelas que nossos amigos viveram e se tornaram piadas, em quase uma hora de viagem, ainda estávamos rindo e falando dos amigos, nunca parei para pensar que havia tantos causos engraçados assim! Esse meu companheiro de viagem, sempre se gabando ser muito audacioso, afirmando que eu nunca iria ter uma piada dele, foi nesse momento de afirmação que nossas feições mudaram, e nossas vozes se calaram diante da visão que apresentava à frente de nosso veículo, uma rodovia interditada, uma multidão entorno de um carro completamente amassado que mal víamos, porque a multidão que ficava ao seu entorno, tampava completamente a nossa visão. Triste passagem em uma viagem sem destino, pois eu sabia que naquele momento alguém encerrou sua passagem nessa vida.
Pedi ao companheiro de viagem para prosseguir, mas curioso como só, estacionou o nosso veiculo à frente do ocorrido, e avisou que iria até a multidão para ver o que ocorrera! Eu me opus, pois não conseguiríamos chegar perto do veículo, tamanha aglomeração, porém minhas palavras foram em vão, e lá foi o curioso, e eu? Lógico que o acompanhei para ver como ele chegaria ao acidentado.
Ao aproximar da multidão com olhares perplexos, o curioso foi logo falando para todos abrirem espaço, pois a vítima era seu parente próximo. E em seu rastro eu acompanhava o doido, pois até mesmo eu fiquei surpreso ao ouvir o que ele falava.
A multidão foi abrindo caminho, criando um corredor polonês, e algumas pessoas já demonstravam sorrisos em suas faces.
Logo eu tive a maior visão hilária da minha vida! A vítima do acidente, ou melhor dizendo, o parente assim anunciado pelo curioso, era um burro, que ao sofrer a colisão com o veículo, foi lançado ao alto e caiu dentro do porta-malas traseiro do antigo Del Rei.
Em meio as risadas da multidão, me perguntaram se eu também era parente do burro? Logico que não, nem conhecia o burro, mas com certeza meu curioso amigo o conhecia muito bem. O resto da viagem a conversa foi a minha curiosidade, em saber quais eram os outros burros parentes de meu curioso amigo.
Autor: Leandro Campos Alves.
Pagina 93
ISBN 978-65-88800-10-2
