Jardim dos Sussurros o Éden das palavras.

Jardim dos Sussurros o Éden das palavras.

Foto pixabay domínio público, Foto meramente Ilustrativa.

 

 

 

Sobre

        Ciao! Aqui falo um pouquinho sobre mim e o blog (sim, em um tom bem casual). Enfim, meu nome é Juliana e eu sou uma estudante de Publicidade que tem coração de escritora. Imaginação, crença, esperança e concentração são as características que sempre busco ter no meu cotidiano em qualquer coisa que eu faça. Mas isso não quer dizer que meu trabalho é perfeito. Por isso, se você tiver alguma crítica ou dúvida e que deseja compartilhar comigo, basta mandar entrar em contato!

 

        “With your mistakes” – Juliana Galloway (eu)

 

        A energia das pessoas pulando e cantando as músicas era como êxtase para mim. Corpos suados e o cheiro de álcool não eram nada comparado aos sorrisos estampados nos rostos das pessoas. Era como se problemas não existissem mais. As luzes circundavam a plateia e o palco no mesmo ritmo da música. Este seria o último concerto da banda Cinders. E ninguém sabia disso ainda.
        O baterista, Philip, tocava como se a vida de todos dentro da boate dependesse de suas fortes batidas. O tecladista, Jordan, tinha uma postura suave e, apesar de estar tocando uma música de rock, mantinha uma graça impressionante. O baixista, Gabriel, simplesmente parecia ignorar a presença de todos os seus companheiros de banda e da plateia que se mexia ao som da Cinders. Mas o guitarrista/cantor era diferente. Eles sempre são.

        Ethan, no auge dos seus 25 anos, colocava toda sua paixão em cada nota. A voz seguia a melodia do teclado, era forte como as batidas da bateria, tinha a força da guitarra e a despreocupação do baixo. Não havia uma única alma naquela boate que jamais ousaria negar a importância, a concentração e o amor de Ethan pela música que a Cinders tocava. E, todos sabiam, que ele vivia pelas letras, melodias e ensaios da banda. Para Ethan, a música era a coisa mais importante no mundo. Como eu queria ter uma paixão assim.
        A banda completava seis anos. Cinders estava em primeiro lugar em todas as rádios de rock, pop rock, alternativa e qualquer outro gênero que englobe músicas contemporâneas viciantes. A música composta por Ethan, Jordan, Philip e Gabriel era, no mínimo, digna de admiração excessiva. E, naquela noite, tocavam no lugar onde se apresentaram pela primeira vez: a Trinity, a boate mais popular de Nova York. Pessoas de todos os cantos do mundo vinham até a Trinity para ouvir as grandes lendas que tocavam com o, único e sincero, intuito de expor as paixões, frustrações e repressões sofridas por todos os seres humanos. De acordo com a música “With your mistakes”, emoções são a única coisa comum a todo homem, mulher, criança, bebê, idoso. É o que nos faz iguais. A capacidade de sentir é o que nos conecta aos animais, natureza, ao planeta e ao universo. Jordan sempre disse que o único jeito de se descobrir os grandes mistérios da vida é se fechando os olhos da mente e abrindo os ouvidos do coração. Mas ele não diz isso mais. Porque Jordan está morto.
        Começou no refrão de “Close moment”. A fumaça começou nos fundos da Trinity e os gritos iniciais foram abafados pela grande multidão em frente ao palco. De repente, pessoas corriam de um lado para outro, seguranças tentavam remover obstáculos e levantar aqueles que acabaram sendo pisoteados por tantos outros no meio daquele pandemônio. Pelo que pude ver – o que não foi muito, posso garantir – as saídas principais tinham sido bloqueadas pelo lado de fora e um grande incêndio tinha começado na portaria e, somente agora, tinha alcançado a pista principal. Nunca tinha visto tanta gente em tamanho desespero de uma vez só.
        Mas eu não conseguia sair do lugar. Tinha simplesmente congelado no lugar que estava quando a Cinders tocava. No lugar 13 da terceira fila. Eu não tinha percebido que provavelmente iria morrer se não saísse dali depressa. De repente, uma mão aperta o meu braço, me tirando do meu estado catatônico. A fumaça já tinha se espalhado por todo o local e era quase impossível de se respirar e enxergar. Mas eu reconheceria aquela mão tatuada com a mandala e os anéis de aço em qualquer ocasião, mesmo em um incêndio: Ethan.
        Ele me puxava e gritava que tínhamos que sair dali agora. Eu não acreditava que ele tinha ido atrás de mim. Como Ethan sabia que tinha uma pobre fã em estado catatônico no meio da pista? E por que ele iria salvá-la? Ele não deveria estar salvando a si mesmo? Mas, ao olhar ao redor, avistei os outros membros da banda correndo com outras pessoas. Jordan fugia com um grupo de sete pré-adolescentes, Philip estava ajudando os seguranças a empurrar as saídas de emergência – que aparentavam estar bloqueadas, por alguma razão – e Gabriel estava levantando um idoso que tinha caído na escada do camarote. Eram heróis, mesmo em sua plena glória musical. 
        Um forte estouro fez com que eu quase trombasse com Ethan. Alguma coisa tinha explodido a parte norte da Trinity! Com um aperto muito rápido, Ethan conseguiu fazer com que eu fosse capaz de sair correndo com ele. Seguimos o labirinto dos bastidores e, após ouvir mais uns três ou quatro estouros, e descer um lance de escadas impressionantemente íngreme, conseguimos alcançar uma porta enferrujada. Ele deu uma trombada com o ombro e a porta se abriu. Estávamos do lado de fora.
        Antes que eu pudesse perguntar se iríamos voltar para buscar mais pessoas ou ligar para a emergência, uma equipe de emergência veio ao nosso alcance e começaram a nos colocar em máscaras de oxigênio. Pesados cobertores estavam por cima dos nossos ombros, apesar de estarmos suados e quentes pela corrida e pelo fogo na boate. Perguntas eram feitas, mas nenhum de nós conseguiam responder. Umas trinta pessoas, que também estavam dentro da Trinity, chegaram até nós tão desorientadas e embasbacadas com o que acabara de acontecer quanto Ethan e eu.
        Ficamos assistindo os bombeiros tentarem apagar o fogo e mais pessoas saindo da boate incendiada. Ethan apertava minha mão com força e suava frio. Ele estava esperando que algum dos amigos tivesse escapado. Eu não tinha ninguém para esperar, tinha ido sozinha. Mas eu também queria que todas as pessoas conseguissem sair dali. O que tinha começado com um show impressionante, acabou em cinzas, fumaça, lágrimas e desespero. Eu apertei a mão dele de volta, para que não se sentisse tão sozinho.
        De repente, Philip apareceu tossindo e correndo em direção a Ethan. Eles se abraçaram como dois irmãos que tinam se perdido na guerra. Mais tarde, um policial disse aos dois que Gabriel estava em uma ambulância após ter partido a perna direita ao meio e quebrado algumas costelas. Mas não haviam notícias do tecladista. Dias depois, o corpo carbonizado de Jordan foi identificado. A Cinders, a Trinity e dezenas de outras vidas tinham se extinguido.
        Talvez, esse não foi o final esperado. Mas a vida acontece quando você menos espera. Ela tira você do seu mundinho e te põe no meio de um teste de sobrevivência e de compaixão. Apesar de ter morrido, Jordan tinha passado no teste. Todos eles tinham. Os quatro poderiam simplesmente ter se retirado com calma da boate e terem feito um belo discurso no dia seguinte, homenageando os fãs que perderam suas vidas. Mas eles ignoraram a fama e fecharam os olhos da mente. Então, abriram os ouvidos do coração. Provavelmente, eles salvaram menos vidas do que esperavam. Perderam um irmão e o seu santuário de sucesso. Perderam amigos e admiradores. Mas naquele momento, A Cinders esteve mais perto de todas aquelas pessoas do que nunca.         Porque todos sentiam as mesmas emoções. Afinal, a capacidade de sentir é o que nos conecta. E, mesmo que as tragédias aconteçam, o sentimento é que te faz ficar mais forte. O importante não é como saímos da boate em chamas nem em quanto tempo. O que realmente importa é que conseguimos fazê-lo. E que sempre vamos lembrar de manter as pessoas ao nosso redor conectados. Porque uma grande corrente de emoções é mais forte e nobre que centenas de saídas de emergências para covardes.

 

– Juliana Galloway

 

 

Convidamos aos amigos a conhecerem mais o trabalho da escritora Juliana Galloway no blog Jardim dos sussurros, acessando o link: jardimdossussurros.wordpress.com/, a todos boa leitura.

 

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