1ª Coletânea da Academia Caxambuense de Letras

1ª Coletânea da Academia Caxambuense de Letras

O QUE É UMA ANTOLOGIA

 

Antologia é o conjunto formado por diversas obras (literárias, musicais ou cinematográficas, por exemplo) que exploram uma mesma temática, período ou autoria.

Na literatura, por norma, as antologias são formadas por diferentes textos (prosas ou versos) que são organizados dentro de um único volume, formando uma coletânea (coleção) de obras que abrangem um tema, período histórico ou autor específico.

Por exemplo, uma antologia poética consiste na reunião de vários poemas diferentes num único livro que, normalmente, são selecionados individualmente pelo autor.

No entanto, como já foi previamente explicado, uma antologia poética ainda pode apresentar a junção de poemas e poesias de diferentes autores, desde que estas abordem um tema em comum, por exemplo.

A primeira antologia que se tem registro é de autoria do poeta grego Meléagro. No entanto, até meados do século XVIII a palavra "antologia" não era utilizada para se referir às coleções de textos literárias, mas sim termos como "florilégio", "romanceiro", "silvas" ou "flores".

 

 

Maria do Carmo Magalhães Lahmann

 

HOMENAGENS PÓSTUMAS

 

Em nome da Academia Caxambuense de Letras e de meus colegas acadêmicos, presto, nesta edição, uma justa homenagem aos nossos companheiros que já não estão entre nós: Dr. Henri Moukhaiber Zhouri, Regina Maria Nogueira do Sacramento, Rossini Jayme de Almeida Lima, Luiza Menezes Figueiredo, Amélia Tété Balassiano, Júlio Nelson Tété da Silva, Realina Barbosa Ferreira de Araujo, Newton Ferruggini, Maria de Lourdes Lemos, Valternil Gallo Lahmann, pessoas cujas vidas foram de grande importância para nossa Academia.

A vida é feita de encontros e desencontros, de chegadas e partidas. Eles partiram, encontraram a paz eterna, mas não desapareceram para sempre, pois, através de nossas lembranças e saudades, continuam sempre presentes. Somos a continuação de seus ideais. Acredito que nos encontramos para que pudéssemos nos enriquecer numa troca, não só de conhecimentos, mas de experiências e sabedorias, vindas através da vivência, do diálogo aberto e sincero que sempre aconteciam em nossas reuniões e conversas particulares. Ainda estão vivas as lembranças das risadas, do brilho nos olhares, dos sorrisos acolhedores, das conversas, às vezes triviais, às vezes profundas. Foi um privilégio conviver com pessoas tão especiais das quais guardo ainda vívidas recordações.

De “tia” Luiza, assim chamada carinhosamente por todos, guardo a vivacidade, inteligência, responsabilidade e, apesar de sua idade, na casa dos noventa e silhueta frágil, tinha um espírito forte e era dona de uma memória prodigiosa; de Rossini Jayme, nosso querido Jayminho, e Tété Balassiano ressalto as maravilhosas vozes que animavam nossas reuniões com lindas canções; de Realina, a gentileza com que nos recebia e seus belos poemas; de Maria de Lourdes Lemos, grande pesquisadora, dona de uma grande inteligência, a alegria e o espírito jocoso, sempre nos fazendo rir com seus chistes ; de Regina, Júlio Nelson e Zhouri, apesar de nossa pouca convivência, guardo a lembrança da vontade de colaborar, mesmo à distância.

A saudade estará sempre presente e, através dela, as lembranças ficarão guardadas em nossos corações.

 

Maria do Carmo Figueiredo Paiva

 

INTRODUÇÃO

 

Sempre acontece o momento perfeito.

Agora foi o momento perfeito para dar forma a essa Coletânea, há muito tempo sonhada e desejada por nós.

Como costumava dizer Lao-Tsé, o avô do Taoísmo "uma jornada de mil milhas começa com um único passo".

Espero que todo leitor que aprecia a Arte que se pode obter com o uso da Palavra, descubra a Beleza que o ser humano é capaz de extrair de dentro de si mesmo.

Nada se improvisa na vida de uma pessoa, tudo se recria à medida que se olha ao redor e se faz a transmutação consciente no seu modo próprio de ver, ouvir e sentir.

Neste livro encontraremos poemas, contos e textos que vão nos causar uma variedade de impressões, vão tocar gentilmente a nossa sensibilidade, vão nos levar a um novo olhar para a vida como se aventurássemos por caminhos desconhecidos.

Vamos caminhar pelas trilhas desta Coletânea:

 

 

..."o sabor da folha esmagada no tempo na paz do barro quase húmus..."

 

"Na gangorra do tempo me balanço

com as cordas do sonho"

 

"Faz tempo, muito tempo, que senti felicidade

pois já não me lembro qual era a minha idade"

 

"Mineiro é coisa chique que vem apurando

de fora para dentro, com jeitinho tímido..."

 

Garoa, palavra bonita! chuva se esfacelando em migalhas...

 

"o bouquet da tarde fruto da confraria

do silêncio, mistério..."

..."a poesia, doce barquinho inocente... arrosta perigos"...

 

..."Para voar não é preciso ter asas... deixar que os desejos mais loucos"...

 

...Mal sabiam os humanos que as estrelas de onde vim, eram partes de seus próprios corações"...

 

"O amigo novo desafia você

a querer mais tempo de vida para que se tornem

velhos amigos"

 

..."Quero um resto de fantasia do brinquedo de antes"...

 

"Menino calado O que sabe você?

Da vida... do tempo Do amanhecer?"

 

Sempre que você tiver alguma dúvida sobre os milagrosos efeitos do Belo sobre o ser humano, consulte o seu coração, onde cada vazio espera ser preenchido.

Consulte também a sua consciência que espera ser preenchida onde a fonte nunca se esgota.

Boa leitura! Encante-se!

 

Maria do Carmo Magalhães Lahmann

 

Sumário

 

O QUE É UMA ANTOLOGIA................................................... 3

HOMENAGENS PÓSTUMAS.................................................... 5

INTRODUÇÃO...................................................................... 7

CIDA RIGOTTI.................................................................... 13

ESTHER LUCIO BITTENCOURT............................................. 28

GUIOMAR PAIVA................................................................. 39

LEANDRO CAMPOS ALVES................................................... 47

MARIA CRISTINA MALLET PORTO........................................ 57

MARIA DO CARMO FIGUEIREDO PAIVA................................ 66

MARIA DO CARMO MAGALHÃES LAHMANN........................... 80

MARIA DO CARMO RODRIGUES........................................... 91

PAULO PARANHOS............................................................. 103

ROBERTA RIHÖLÈ FULANI.................................................. 112

 

LEANDRO CAMPOS ALVES

Cadeira nº 10

Patronesse: Vera de Carvalho Milward

 

Leandro Campos Alves foi presidente da Academia Caxambuense de Letras 19/21, e é Doutor Honoris Causa em Literatura.

O escritor Leandro é possuidor de diversos títulos e membro de várias Academias de Letras pelo Brasil e no exterior, sendo ele possuidor de um currículo invejável, recheado com diversas obras, prêmios e trabalhos internacionais, venceu a dislexia e o preconceito, deixando fluir de seu grafite poesia e contos que encantou o mundo!

Autor do poema épico “O Viajante” reconhecido oficialmente pelo livro dos recordes em 2018, como o maior do Brasil, podendo ser considerado também como o maior poema mundial da Literatura Portuguesa, com mais de 10.875 versos e

2.022 estrofes.

 

Oração a família

Leandro Campos Alves

 

Faz tempo, muito tempo,

que senti felicidade.

Pois já não me lembro,

qual era a minha idade.

 

É bom e não nego,

viver está realidade.

Que faz crescer o ego,

de um pai de meia idade.

 

Filhos são sempre eternos,

dádivas da obra de Deus.

A Ti sou servo terno

por ter orgulho dos meus.

 

Obrigado pela oportunidade,

de orar em agradecimento.

Minha fé em fidelidade,

a Ti elevo em pensamento.

 

Ser Pai...

Leandro Campos Alves

 

Ser pai é falar não,

mesmo dizendo sim à realidade.

É ter compreensão,

ao demonstrar imparcialidade.

 

Ser pai é ter seriedade,

e sentir chorar a alma,

ao falar com autoridade,

demonstrando frieza e calma.

 

Ser pai, é ser do filho amigo,

mesmo que por minutos,

torne seu maior inimigo.

 

Ser pai é eternizar a vida,

estando todos juntos,

ou na própria despedida.

 

Ladrão de Sonhos

Leandro Campos Alves

 

Não me lembro o ano que aconteceu, mas lembro perfeitamente que era época de Natal e que eu devia ter meus oito ou nove anos de idade. Idade de sonhos e ilusões, de acreditar no mundo e nas história impossíveis.

Nesta época em questão, lembro-me bem que era véspera de natal, e que todos meus amigos contavam que deixavam na véspera do dia vinte e cinco de dezembro uma meia pendurada próximo a árvore de natal, ou na janela de quarto que dormiam para que o Papai Noel pusesse o presente dentro dela.

Muitos adultos também me falaram esta mesma história, a história que somente as crianças que eram obedientes e respeitavam seus pais durante o ano inteiro, ganhavam do Papai Noel um presente no dia de Natal, era só por uma meia na janela acompanhado com um bilhete avisando ao Papai Noel o que gostaria de ganhar.

Nossa situação econômica não era muito boa na época, lembro de algumas dificuldades e de presenciar algumas conversas entre meus pais pelos cantos da casa, falando da falta de dinheiro.

Mas criança sempre é criança, e sonhos... São sempre sonhos.

Embriagados pela atmosfera natalina, eu não tinha dúvida que o Papai Noel não negaria meu pedido, e me daria um presente, pois o que eu mais sonhava era com uma bola de futebol, não importava o material que era feito, eu apenas queria

um bola para brincar com os amigos de futebol ao cair da tarde em nossa rua.

O dia vinte quatro de Dezembro chegou, e com ele aumentavam a minha alegria e entusiasmos, tinha certeza que ganharia do bom velhinho meu presente tão esperado.

Pus minha melhor meia pendurada à beira da janela, e brigando com o sono eu esperava o Papai Noel entrar em meu quarto, as horas passavam e nada de ver o bom velhinho.

Com o entrar da madrugada fui vencido pela noite e caí no sono, afinal, eu ainda era uma criança cheia de grandes sonhos e com o sono ainda maior.

Não consegui ver a chegada do meu querido Papai Noel.

Nos primeiros raios do sol acordei ansioso e louco para ver meu presente, pois tinha posto minha melhor meia pendurada na janela, havia deixado meu bilhete pedindo ao bom velhinho meu presente, tudo conforme me falaram.

Além disso! Eu tinha certeza que durante aquele ano eu não fui um filho ruim, então o presente certamente eu receberia.

Ofegante como nunca, pulei da cama correndo em direção a janela para pegar minha bola de futebol, mas minha euforia se transformou em silêncio, meu sorriso em choro, minha felicidade em desilusão.

Parado, estático, sem respirar e pensativo ali fiquei por horas, acho eu...

Com o passar das horas intacto no meu lugar, ouvi os primeiros movimentos da casa. Meus pais e meus irmãos acordaram, e com eles a minha vida começou perder o sentido, os sonhos a virarem pesadelo.

Logo senti o calor materno por atrás de mim com um longo abraço, ouvi sua voz me perguntando o porquê do meu silêncio?

Mãe é sensitiva, logo ela observou que meu silêncio era de desilusão, meus olhos vermelhos lagrimejavam o sentimento de minha alma.

Por algum instante eu não ouvia a indagação de minha mãe, mesmo ela repedindo por várias vezes, ali eu fiquei em meu mundinho de criança, quieto. Isolado. Solitário.

Foi quando ela me sacudiu e perguntou novamente.

“— Filho, por que você está em silêncio? Por que estas lágrimas em seu rosto?”

Ao ouvir sua pergunta acordei de meu estado de desilusão, o que era silêncio se transformou em choro profundo, a dor da alma pura de uma criança se transformou em choro e desilusão; e a desilusão? Em realidade.

Naquele momento comecei a contar minha história.

“— Mãe, meu choro é por que Papai Noel está bravo comigo?

—  Eu acho que sempre fui um bom menino e filho, rezo todas as noites pro meu Anjo da Guarda, e por que Papai Noel esqueceu de meu presente?

—  Eu só queria um bola para jogar com meus amigos.”

Minha mãe com a alma partida, viu minha tristeza e minha pequena meia pendurada na janela, com a voz meio tremula parecendo segurar o choro ela falou:

“— Não filho, você não é ruim, o Papai Noel gosta muito de você, mas o que aconteceu foi por minha culpa.

—  Veja...

—   Eu esqueci de costurar sua meia, provavelmente o Papai Noel pôs o seu presente na meia, mas o ladrão de presentes passou aqui e roubou o seu presente através do furo.”

Naquela noite alguma coisa em minha vida de criança aconteceu.

Pois perdi a inocência ao sentir a dor no coração de minha mãe, ao ouvir ela tentando dar aquelas explicações, meu mundo de ilusões foi se desfazendo.

Descobri então que Papai Noel não existia, e o real motivo de não ganhar nenhum presente, era a dificuldade financeira que passávamos naquela época.

Minha tristeza por achar que não merecia o presente do Papai Noel, por ser um mal menino transformou-se, pois descobri a crueldade de um mundo chamado necessidades.

O ladrão de presente, não roubou somente meu presente, roubou minha inocência, minha felicidade, meus sonhos.

E o Natal?

Perdeu seu brilho, junto a minha inocência.

 

“Minha Minas Gerais”

Leandro Campos Alves

 

Mineiro é coisa chique, que vem apurando de fora para dentro, com um jeitinho tímido, logo revela sua simplicidade e acolhimento.

No sotaque digo e ainda atrevo em afirmar, que mineiro é culto de nascença, seu sotaque e jeitos, ditos um pouco preguiçosos porque engole as palavras e encurta o diálogo, que é longo de nascença, reflete a inteligência desse povo mineiro.

Das extremidades territoriais, os mineiros levam o sotaque paulista no sul, misturado com o sotaque carioca no sudeste, ou quem sabe com o capixaba que tem em Guarapari a sua praia mais mineira do Brasil.

Subindo ao norte vem a Bahia, que deixa o sotaque bem caprichoso, que eu mesmo achei ser baiano.

Mas em terra longa como as Gerais, o mineiro se mistura, puxando o amor pelo sertanejo de Goiás, São Paulo então volto a raiz, do dialeto sulista desse estado de graças, que puxa o “R” na pronuncia dessa minha Minas de poli línguas de suas extremidades.

Mas ah! Minha Minas Gerais... De um povo amável e acolhedor, que entra em seu seio, na trilha dos bandeirantes a caminho do ouro, prata e diamante, que deixa nesse percurso a influência das línguas externa, e encontra a essência de seu povo verdadeiro.

Sotaque manso e desconfiado, que traz o “sô” como pronome de respeito.

O ali do mineiro é uma légua Paulista. O trem bão não é locomotiva.

A moça sô, não está sozinha.

Um cadinho pode ser um pouquinho.

Como também oceis não é um grupo de seis, mas quem sabe uma multidão.

Quando cansa da caminhada, pede para perar um tiquim.

Adoro o mineiro, principalmente na hora do café, que tem o docindileiti, cafezim com broinha de fubá ou com biscoidipuvio. Não sei se conhecem, mas adoro o franguim com quiabu, nem me fale do torresmi bem fritim, e no cair da noite, nada melhor do que o mingau de mio com couve bem picadim.

Esse é o coração do mineiro, bem no centro da Gerais, que olha o semáforo vermelho e péra um tiquim, quando abre o amarelo logo o motorista prestenção sô, no verde então, o mineiro cauteloso agora podii.

Não tem despedida mais amável, que o “tchau procê”, e no encontro mineiro sai o primeiro verbete, “uai? Comé qui cê dá?” Mas logo a hospitalidade mineira toma conta pelo seu carinho, tanto amor que num dê conta de revelar, mas como bom mineiro, peço que prestenção sô, pois falaremos igualzim ao coração de Minas, que é muito sabido na sua fala, que come pelas beiradas de mansim, e quando se encontra sem caminho, descobre que cê tá lascado sô, sem saber oncotô, e nem proncovô, o mineiro sai de fininho, talvez com fome vai cumê um trem, para matar a quifomqueutô, num quidito nessa conversa? Pois digo como mineiro, que você pode acreditar só um cadim.

Ah! Minha amada Minas Gerais, que pulsa o coração de Belzonti, e não minto que falamos des jeitn mesmo, mas é bão demias sô, ter a nossa personalidade própria.

Ah! Minas que amo, que está nu coração dagen, mas engana quem pensa que mineiro é assim, somos o sonho da terra, o fruto do amor, o abraço acolhedor, de um povo quieto, que presta muita atenção, para não sair falando besteiras, sem ter razão.

Se as frases curtas é a expressão do povo Mineiro, diga João Guimarães Rosa, ou quiçá, Carlos Drummond de Andrade, podendo também falarmos de Fernando Sabino, a felicidade de ser mineiro e trazer contigo o sotaque apaixonado de uma terra persona.

Ah! Minha Minas Gerias que amo demais, que originou de uma miscigenação, de vários estados, povos e nação, se baiano cansado é mineiro, minas é o berço dessa nação de múltipla cultura em sua miscigenação.

 

 

 

Organizador das Antologias.

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Coletânea     Primeiro Sarau Virtual Integração Cultural   Academia Caxambuense de Letras e Convidados Popularizando a Poesia Contemporânea.     I Volume 2020       Todos os direitos são reservados. Publicado de acordo com original registrado e averbado na...

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